terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Sábado

A palavra Sábado deriva do hebraico "Shabbath", que significa "cessação", "descansar", "(dia de) descanso", "guardar o Sábado". O Sábado está incluído no quarto mandamento da lei de Deus, ou Dez Mandamentos. Foi o próprio Deus que os escreveu, com o Seu próprio dedo, em tábuas de pedra, e os deu a Moisés no Monte Sinai (ver Êxodo 31:18; Deuteronómio 5:32).

As palavras do mandamento do Sábado são estas: «Lembra-te do dia do Sábado para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto, abençoou o Senhor o dia do Sábado, e o santificou» (Êxodo 20:8-11).


Se este mandamento foi abolido então todos os outros o foram, porque ele faz parte duma unidade indivisível e indissociável. Mas desta lei Jesus disse: «E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei» (Lucas 16:17). E ainda: «Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido» (Mat. 5:17-18).

Achamos muito mais sábio acatar as palavras de Jesus do que as explicações de homens. Por outro lado Deus diz que o "sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus" e que "abençoou o Senhor o dia do Sábado e o santificou" (Êxodo 20:10-11). Agora pergunto: Quando é que o "sétimo dia" deixou de ser o "Sábado do Senhor teu Deus"? E quando é que Deus retirou dele a Sua bênção e santificação? Estas são perguntas que devemos fazer, honesta e sinceramente, a nós mesmos, antes de aceitarmos explicações que parecem muito lógicas, mas que torcem as Escrituras.

Se Deus foi tão zeloso, escrupuloso e explícito em escrever, Ele próprio, os Dez Mandamentos em tábuas de pedra, e não confiou esta tarefa a Moisés, certamente que teria escrito igualmente outro mandamento a substituir este para dizer explicitamente que a partir da morte de Cristo na cruz o Seu povo deveria guardar ou observar o Domingo ou nenhum dia. Mas Ele não o fez. E se no passado não atribuiu tal tarefa a Moisés, tão pouco a atribuiu a nenhum dos apóstolos. E se tal tivesse acontecido porque haveriam os apóstolos e discípulos de continuar a repousar "conforme o mandamento" e a reunir-se no dia de Sábado? (ver Lucas 23:54-56; Actos l3:14, 27, 42, 44; 15:21; 16:13; 17:2; 18:4).

Os Dez Mandamentos, que Deus deu a Moisés no Sinai, eram uma cópia do original que se encontra na arca do concerto que João viu no templo do céu (Apocalipse 11:19). E como tal são eternos e imutáveis (Sal. 111:7-8; 119:89, 142, 150-152, 160).

Deus estabeleceu o sétimo dia, o Sábado, como memorial da Sua criação, "porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou" (Êxodo 20:11). Portanto só quando Deus deixar de ser o Criador é que o Sábado, o sétimo dia, deixará de ser também o dia do Senhor e o memorial da Sua criação.

O povo de Deus nos últimos dias será caracterizado por guardar "os mandamentos de Deus e a fé de Jesus" (Apoc. 14:12). Esta é a característica que distinguirá os verdadeiros filhos de Deus. E é isto mesmo o que diz o profeta Malaquias 3:18, ao referir-se à vinda do Senhor: «Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que o não serve.»
Deuteronómio 4:13 e Êxodo 34:28 diz que o concerto de Deus são os Dez Mandamentos. E no Salmo 89:34 Deus diz: «Não quebrarei o meu concerto, não alterarei o que saiu dos meus lábios».

Creremos então nestas palavras de Deus ou nas explicações de homens? A escolha é, logicamente, de cada um de nós.

Gostaria de referir que Deus nunca pretendeu, ao dar os Dez Mandamentos, incluindo o 4º que ordena a santificação do sétimo dia, o Sábado, que eles fossem um meio de salvação, mas sim que fossem a norma de conduta para o Seu povo, tanto dos tempos do antigo como do moderno Israel.

Os Adventistas do Sétimo Dia nunca ensinaram que os pecadores são salvos pela obediência ao mandamento do Sábado ou qualquer outro mandamento. Afirmam, isso sim, que os pecadores são salvos do pecado e não no pecado, unicamente pela fé em Cristo, para viverem em novidade de vida, isto é, não mais na desobediência aos mandamentos de Deus, mas em obediência a eles. Assim passam a obedecer a Deus não para estarem em Cristo, mas porque estão em Cristo (ver II Coríntios 5:17; Efésios 2:8-10).

Notem bem as palavras de Efés. 2:10: «Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas». Estas "boas obras" não são para nos salvarmos, porque não há obra ou obras algumas que o homem possa fazer para se salvar do pecado e obter o perdão da sua culpa. São o fruto de estarmos em Cristo, de estarmos salvos n'Ele. Elas (as "boas obras") evidenciam se aceitámos a salvação de Deus ou não, se estamos no lado de Deus e da obediência ou no lado de Satanás e da rebelião e desobediência.

Para aqueles que crêem ou ensinam que o Sábado foi só para os judeus, será bom considerarem que o Senhor Jesus esclareceu perfeitamente este ponto ao afirmar: «O Sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do Sábado» (Mar. 2:27). A palavra "homem" aqui, do grego "anthropos", significa literalmente "uma pessoa", "ser humano" ou "humanidade", que inclui como é óbvio, homens, mulheres e crianças. E isto significa que o Sábado se destina a todos os homens e em todos os lugares. Se assim não fosse teria Jesus feito esta afirmação?

Em Êxodo 31:16-17 lemos que Deus ordenou aos filhos de Israel para guardarem o Sábado "por concerto perpétuo" e que isso seria um "sinal para sempre" entre Ele e eles. E em Hebreus 8:8-10, o apóstolo transcreve as palavras de Jeremias 31:31-34, acerca do "novo concerto" que Deus faria "com a casa de Israel e com a casa de Judá".

Ora, se ninguém duvida que este "novo concerto" se aplica aos cristãos, apesar de aí se referir claramente "casa de Israel" e "casa de Judá", porque terão, então, tanta dificuldade certos cristãos em compreender e aceitar que o Sábado deve ser também guardado por eles "por concerto perpétuo"? Não é um facto que todos os que são de Cristo, são também descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa? (Gálatas 3:29). Então somos só herdeiros das promessas e não o somos também dos deveres e obrigações?

O Catecismo Católico recente, impresso em Coimbra o ano de 1993, diz o seguinte a respeito do mandamento do Sábado, pág. 466, nº 2172: «O agir de Deus é o modelo do agir humano. Se Deus "descansou" ao sétimo dia (Êxodo 31:17), o homem deve também "descansar" e deixar que os outros, sobretudo os pobres, "tomem fôlego" (Êxodo 23:12). O sabbat faz cessar os trabalhos quotidianos e conceder uma folga. É um dia de protesto contra as servidões do trabalho e o culto do dinheiro».

Para concluir gostaria apenas de referir o seguinte: se o Sábado tivesse sido abolido, como muitos ensinam, então como explicar Apocalipse 7:1-4; 13:14-17; 14:1-5, 9-11; 16:2; 20:4? O que é afinal o sinal ou selo de Deus que se contrapõe ao sinal ou marca da besta? A interpretação correcta destas passagens ajudar-nos-á, sem dúvida, a chegar a uma conclusão acertada e iniludível. E este é o meu sincero desejo.
Fonte: O Tempo Final
Autor: Pastor Manuel Nobre Cordeiro

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